O 2º Reinado

Razões da Estabilidade desse período:
Em essência: liberais e conservadores eram a mesma coisa, pois o principal objetivo deles era ter o poder, assim eles chegam à conclusão que eles poderiam partilhar cargos de ministérios, isso é um dos fatores da estabilidade do 2º Reinado, chamado Era da Conciliação. O Brasil tinha produção de café desde o período em que a Família Real Portuguesa veio para cá, porém era utilizado só como adorno, até que o café chega ao Vale do Paraíba Fluminense e começa a ser produzido para exportação. Até 1870, a região modelo era Vassouras no RJ, o café deu tanto lucro que os cafeicultores dessa região eram as pessoas mais influentes do império brasileiro (principais deputados, senadores e ministros), o produto que eles cultivavam eram o principal gênero da economia brasileira, e era responsável pela modernização da sociedade brasileira, gerou empregos, recolocou o Brasil na dinâmica do capitalismo mundial, porém não retirou o caráter de dependência da economia brasileira, pois boa parte do café era vendida ao mercado internacional (Europa e EUA), o café não era um gênero de primeira necessidade, quem determinava o preço então era o mercado internacional, ou seja, qualquer reviravolta da economia internacional a economia brasileira entraria em crise.
Quando D. Pedro II é recolocado no poder, o Poder Moderador é restabelecido, acabando com as possibilidades de ambição maior dos liberais e dos conservadores. Se D. Pedro I enfrentou tantas críticas por conta desse poder, o D. Pedro II não irá escapar destas, só depois de 1870 é que D. Pedro II vai ter habilidade para conciliar essa questão política. Em 1847 o governo brasileiro para ficar mais parecido com a Inglaterra criou o cargo de Primeiro Ministro, ou seja, Parlamentarismo. O Parlamentarismo Clássico (Inglês) a lógica é ter eleições, o partido que tem maioria indica o Primeiro Ministro e este governa, sendo o rei uma figura decorativa, já no Brasil o Imperador nomeia o Primeiro Ministro e depois ocorrem as eleições, caso o Primeiro Ministro eleito não fosse aquele nomeado, nada iria mudar, pois o Primeiro Ministro no Brasil não faz NADA. Ou seja, para que criar esse, o chamado pelos brasileiros, “Parlamentarismo às avessas”? Só para dar um ar europeu ao governo.
Atividade Cafeeira:
No século 19 o café surge como principal produto da economia brasileira, e era fundamental para o plantio e o desenvolvimento da cultura cafeeira a utilização do trabalho escravo, no momento em que o café se desenvolve, dá lucro; o trabalho escravo entra em crise por causa de um lento processo de desagregação que tem como ponto final a decretação da Lei Áurea em 1888. O fator que dá início a essa desagregação foi uma lei inglesa de 1845, o Bill Aberdeen, que reprime o tráfico de escravos entre África e Brasil, o motivo foi o interesse da Inglaterra em acabar com a escravidão, para os negros ficarem na África como trabalhadores, CONSUMIDORES. Outro fator foi à reação da Inglaterra em relação à decretação das Tarifas Alves Branco pelo governo brasileiro, que provocou um prejuízo para Inglaterra, pagando mais de impostos alfandegários, decretando o Bill Aberdeen como troco. Em 1850 o governo brasileiro concluiu que era impossível manter o trafico negreiro com a repressão inglesa, e decreta a Lei Euzébio de Queirós, acabando com o tráfico entre África e Brasil, essa lei assinala a crise do escravismo do Brasil, pois os escravos vão envelhecer e morrer, sem reposição, a escravidão irá acabar. Os fazendeiros então tentam todas as possibilidades diante dessa crise do escravismo, passam a tratar melhor os escravos, melhor alimentando-os, punindo os menos severamente, agora o escravo é uma propriedade valiosa, isso só ameniza o problema. Os fazendeiros vão estimular a procriação dos escravos, inclusive com escravos reprodutores, à maioria dos escravos eram homens, pois eles eram mais fortes e aptos ao trabalho. Mesmo que as escravas engravidassem, até os filhos das escravas terem condições de realizar um trabalho produtivo na lavoura demoraria muito, essa ideia então não produziu um efeito. A intensificação do tráfico interprovincial foi quando muitos fazendeiros do Nordeste, que possuíam escravos encontraram uma fonte de renda vendendo escravos para os proprietários do Centro Sul, pois o Nordeste passava por uma crise econômica. A construção de ferrovias poupou o trabalho escravo isso amenizou o problema, porém não resolveu. O que resolveu a falta de escravos foi a introdução da mão de obra imigrante, o imigrante europeu vem para o Brasil para realizar tarefas feitas por escravos e que o branco brasileiro livre se negava a fazer. Esse imigrante veio para o Brasil por causa do desemprego (causado pela 2ª Revolução Industrial), das Guerras de Unificação (na Alemanha e Itália) e com o interesse de se tornarem proprietários de terras.
Os imigrantes que vieram para o Brasil trabalhavam através de um sistema de parceria, o imigrante era um meeiro, trabalhava em troca de metade da produção, não era assalariado. O governo brasileiro estabelecia contatos com a Europa e os imigrantes assinavam um contrato e vinham para o Brasil com a passagem paga pelos fazendeiros, então quando os imigrantes chegavam ao Brasil eles já tinham uma dívida, servir aos fazendeiros a passagem dele e dos seus familiares, ele só poderia abandonar a fazenda se ele quitasse suas dividas. Quando ele chega ao Brasil com a sua família, ele iria morar em barracões alugados dentro da fazenda, ele teria uma dívida com essa moradia, eles querem comer logo de início depois da viagem cansativa, o fazendeiro vende comida fiado para o imigrante, no dia seguinte esse migrante vai trabalhar na lavoura com um instrumento de trabalho comprado fiado do fazendeiro somando mais uma dívida. Ele iria trabalhar, quitar suas dividas, juntaria dinheiro e viraria proprietário de terra. Porém os imigrantes não sabiam que os fazendeiros mal intencionados, com uma mentalidade escravista, colocariam o imigrante para realizar tarefas improdutivas e pesadas (ex: plantar café, processo demorado, em que até a época de colheita demoraria muito), pois o fazendeiro não colocaria seu escravo para realizar a tarefa pesada que o desgastasse mais. Os imigrantes percebendo que estavam sendo ludibriados vão embora, o governo do império, então, fica apavorado, pois não tendo mão de obra escrava nem imigrante quem movimentaria a economia do país!? O governo então considera o sistema de parceria fracassado, pois o imigrante já chegava ao Brasil endividado, recebia maus-tratos e realizava tarefas improdutivas (não resultavam em renda). Para resolver esse problema o governo irá criar a Imigração Subvencionada, o governo pagará a passagem do imigrante da Europa para o Brasil, o imigrante agora receberá por tarefa realizada, assim irá trabalhar muito para poder se tornar proprietário de terra. Porém a maioria dos imigrantes, não se tornará proprietários de terras, pois através da Lei de Terras, estabeleceu o acesso à propriedade fundiária mediante a compra, cercamento e plantio, o que dificultava a compra por imigrantes e ex-escravos. O governo, como indenização aos fazendeiros pela crise da escravidão, pagava a passagem dos imigrantes e prolongava ao máximo a escravidão. Alguns imigrantes conseguiram se tornar proprietários de terras, geralmente esses são os que tinham uma condição socioeconômica melhor na Europa.
A Legislação Abolicionista:
A Lei Eusébio de Queirós (1850) acabou com o tráfico internacional de escravos entre África e Brasil, foi muito importante, pois determinou que a escravidão no Brasil fosse acabar, pois o crescimento natural da população escrava não supria a necessidade do regime escravista do Brasil. A ideia do governo brasileiro era prolongar ao máximo a escravidão, para que quando ocorresse à abolição o número de escravos fosse tão pequeno que pouparia o governo brasileiro de pagar indenização aos proprietários pela abolição. A saída então foi fazer um processo de abolição da escravidão lento, gradual, que não implicasse no pagamento de indenização, e em trauma pra lavoura cafeeira, para que esses grupos pudessem se ordenar diante dessa alteração.
Em 1871, foi decretada a Lei Visconde do Rio Branco ou Lei do Ventre Livre, estabelecia que os filhos de escravos nascidos após a publicação da lei estariam livres, porém num país escravista e racista, se a mãe é escrava o filho permaneceria junto a ela, ninguém gostaria de adotar um negro. O filho nascerá, crescerá na senzala junto aos negros, terá que trabalhar até os 21 anos para poder indenizar o fazendeiro, por tudo que ele consumiu, pela moradia, depois dos 21 ele já se habituou aquela vida de “escravo”.
Em 1885, foi decretada a Lei dos Sexagenários ou Lei Saraiva Cotegipe, estabelecia que os escravos com mais de 60 anos estariam livres, essa lei só foi criado para resolver o problema dos fazendeiros, que tinham escravos velhos e doentes, que não trabalhavam mais, mas geravam despesas para os fazendeiros, com comida e moradia. Porém a maioria dos escravos não atingia essa idade e os que atingiam não teriam oferta de trabalho e condições para sobreviver.
Até que em 1888, foi decretada a Lei Áurea, que aboliu a escravidão, quando praticamente não existiam mais escravos no Brasil, assim ela não irá provocar traumas na sociedade brasileira. Assim não foi necessário que o governo pagasse indenização a ninguém.
Muitos escravos não percebem o significado da lei, e permanecem na fazenda, pois eles não sabiam o que era liberdade, não tinham para onde ir, pois o governo não se preocupou com a educação, alimentação e moradia do negro, ou seja, não houve integração social e os negros tornaram-se vítimas do racismo, os filhos de ex-escravos não tinham condições de estudar, ou seja, essa situação se perpetuou no Brasil.


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